quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A INCONTINÊNCIA CONJUGAL E A COSTIPAÇÃO PROFISSIONAL AO FIM DA LIVRE DEMANDA

Há 5 dias Ian completou  3 meses.
Dia 19 de novembro comemoramos 1 ano que Ian foi concebido.
Ian existe há 12 meses e esteve mais tempo dentro de mim do que nesse mundão de meu Deus.
Nove dentro, três fora!
Meus posts vem sendo pontuados pelos aniversários de Ian que parecem me fazer refletir mais ainda sobre tudo que venho vivendo em sua deliciosa companhia e também me fazem refletir sobre o tempo.
Seus meses de vida me fazem sentir o tempo e pensar no tempo o tempo todo.
TEMPO: um de meus grandes inimigos! Principalmente hoje em que um dia parece ter bem menos que 24 horas e os prazos de validade parecem vencer a cada segundo em todos os produtos das gondolas da minha existência.
Quanta angústia me proporciona essa velocidade do mundo da internet, dos celulares e do que se tornou a vida profissional, familiar e social no mundo moderno e globalizado.
Apesar de eu estar absolutamente inserida neste universo "ARROBA.COM" não estou conseguindo acompanhá-lo e aceitá-lo nesta fase "tetas reclusão" que poderíamos chamar de Licença a maternidade caso eu fosse uma mulher empregada.
Como atriz não tenho direito a nada.
Meu ritmo puérpero é lento...
Diferente do frigorífico "Veridiana´s breast laticínios LTDA" que vem produzindo um volume de leite  para consumo em larga escala com velocidade e ritmo de internet banda larguézima.
Meus peitos que andaram diminuídos e muchibentos com a potência de sucção de meu filhinho hoje pesando 8 Kg, há 4 dias estão de novo enormes e vigorosos  em função da nova imposição da minha tirania.
Digo tirania por ter sido chamada de TIRANA dia desses por meu marido.
Já ouvi muito homem dizer que viramos tiranas depois do primeiro filho e acho que eles tem razão.
Mama-se menos nesta casa  desde segunda feira dia 19. Tem leite sobrando por aqui e as conchas de silicone voltaram a ser reservatório de vacina gratuita. Meu leite!
Andei ouvindo muita gente querida, e muita gente chata a beça, falar do tamanho de Ian, das dobrinhas de Ian, das coxas de Ian, das enormes e divinas bochechas de Ian, do peso de Ian ...
Gigantão,"Goddú", "Godão", Bebezão, Bebê gigante, Boneco da Michelin entre outros apelidos carinhosos, além de uma matéria da revista VEJA sobre obesidade infantil, me fizeram repensar a LIVRE DEMANDA e mudar o ritmo e frequência de mamadas de meu "Rebentão" mesmo ele estando com seu peso e tamanho dentro da normalidade na curva estipulada pela medicina pediátrica..
Além dos aspirantes a endecrinologia infantil de plantão e da revista Veja, minha noção de estética e aversão a gordura gritou alto segunda feira na casa de minha mãe ao admirar Ian refesteladão no tapete fofo da sala de televisão onde passei milhares de horas de minha vida.
Minha mãe mora até hoje na casa em que nasci e cresci.
Ele me pareceu grande de mais.
Chorei de pena e de cansaço por uma noite difícil em que ele acordou de hora e meia em hora e meia querendo mamar, e ao comentar com minha mãe sobre a preocupação com o peso de Ian e sentir em seu olhar uma leve aprovação com  minha aflição a respeito da "fofura" de seu neto, decidi que a partir daquele segundo começaria sua primeira dieta para controle de peso.
Decretado o fim da LIVRE DEMANDA e início da imposição de limites em sua vidinha.
Mal sabe ele das várias "dietas" que a vida vai exigir.
Me esgotou ouvir muitos dizendo que Ian estava gordo e de outros tantos que está tudo bem, que ele tem saúde e que quando começar a andar vai perder peso. A questão é que ele tem 3 meses, não vai sair andando amanhã e já pesa mais que muitos bebês de 6 meses !!!
Haja coluna!
Achei que fosse ter que lidar com algo que não estou acostumada ao decretar as mamadas mais espaçadas: seu choro faminto com a mudança de hábito e nova dieta implantada.
Ian é um bebê que chora muito pouco e temia sofrer com sua potência "choral" poucas vezes apreciada por mim e meu marido.
Mas continuar ouvindo debates a respeito do peso de meu lindezo eu já não suportava mais.
Que venha o choro !
Para minha surpresa Ian não está sentindo falta das mamadas de 2 em 2 horas com direito a "lanchinhos" intermediários no decorrer dos dias mais quentes.
Ele não tem chorado de fome.
Ele continua chorando pouco e com pertinência.
Ontem fomos ao posto de saúde tomar vacina e ele só chorou nas picadas das 2 grandes agulhas que penetraram suas coxas suculentas que forram seu enorme fêmur. E de novo para minha surpresa passou o dia super bem, falando sua língua e dando seus gritinhos de alegria.
Estava contando com febre alta, indisposição e lágrimas e ele me presenteou com uma tarde deliciosa de muita descoberta vocal.
É lindo vê-lo percebendo os sons que sabe produzir.
Descobri que seu estômago é facilmente enganado com passeios de carrinho, banhos extra e colo de vó.
Passeio de Sling jamais! Impossível distrai-lo de meu leite com seu rosto colado em meu peito.
Foi decretada também uma nova rotina que inclui visitas diárias à casa da vovó Regina que mora em um bairro gostoso com calçadas decentes, ruas planas e pavimentadas e um jardim ensolarado com pitangueira, jaboticabeira, mamoeiro entre várias outras árvores que proporcionam festas animadas de lindos pássaros e maritaquinhas ao entardecer.
Há 3 dias Ian mama de 3 em 3 horas contadas durante e o dia e essa noite ele dormiu 8 horas seguidas sem interrupção para deliciar-se com seu "Veridiana´s  breast milk shake" !
Entrou em contato com a "galera de lá" das 21:00 ás 5:00 deixando seu corpinho aqui em repouso no berço  recarregando baterias para sorrir e gargalhar para mim ao amanhecer.
Burra eu de não ter ido para cama ás 21:00 hs também.
Mas eu queria escrever.
Eu queria esperar meu amor voltar para casa da leitura de um texto que vai dirigir.
Eu quero e preciso cuidar da vida conjugal.
Eu quero e preciso cuidar de muitas coisas.
Várias delas me entristecem e preocupam por eu não vislumbrar possibilidade alguma de cuidados.
Meu corpo é um exemplo.
A incontinência urinária e a de minha língua são outros dois exemplos.
A urinária foi causada  pela extraordinária descida de minha bexiga no parto normal e a incontinência de minha língua vem me "agraciando" com inúmeros, longos e elaborados debates e discuções de relação, de nossas personalidades e das novidades que a nova vida familiar nos oferta.
A chegada de um filho na vida de um casal é a melhor forma de testar a solidez da relação.
Não há um cenário mais propício para divórcios e separações.
É preciso muito amor, certeza dos sentimentos e muita vontade de continuar levando uma vida conjugal.
E cada dia que passa vejo meu casamento se tornando tão forte e resistente quanto as coxas, coluna e saúde de Ian.
Ian é forte.
Porém as custas de muita dor e lágrimas.
Tenho percebidos coisas da minha personalidade e ouvido de meu marido relatos de características a meu respeito que jamais imaginei possuir.
Sou muito menos legal do que eu imaginava.
Um filho nos obriga a reavaliar tudo. Valores, conceitos, ideais, desejos, planos...
As divergências de opinião de como conduzir a criação do novo integrante da família geram briga.
Tudo se torna muito intenso devido as novas responsabilidades e as emoções vão além da flor da pele, elas transbordam pelos poros.
Passada a alegria dos primeiros dias com a chegada da maternidade carregando a "novidade" enrolada na mantinha, as visitas e os presentes, caímos na realidade da rotina pouco divertida e começam os conflitos internos.
Começam as CULPAS.
Como eu não me sinto super feliz ?
É frustrante de mais não nos sentirmos felizes com o maior amor de nossas vidas nos braços.
Fora o fato de que homens não compreendem  o poder da atuação de hormônios dentro de nosso corpo no puerpério.
Eles jamais experimentarão uma descarga hormonal como as que recebemos na gravidez e no pós parto.
Bom para eles !!!
Homens não compreendem que essa fase de reclusão e amamentação é muito prazerosa mas é também muito desgastante, cansativa e enfadonha e por isso esperam de nós um comportamento que não somos capazes de apresentar.
Esperam de nós a tal felicidade também cobrada e esperada por nós mesmas.
Passamos horas e horas com nossos bebês executando tarefas mecânicas e braçais que não exigem muito de nosso raciocínio e intelecto, muitas vezes na ausência de companhias degustando uma profunda solidão que nos abre portas para repensar a vida e tudo que conquistamos, mas também para nos colocar de frente com todas as nossas frustrações e recalques.
Homens não compreendem nossas lágrimas.
Não compreendem que é possível amar profundamento o filho, estar feliz de mais por ele existir e ao mesmo tempo sofrer com a tomada de consciência de que aquela dádiva é responsável por uma transformação aliscercica que nos privará de muitas coisas boas.
Todos nos avisam das dificuldades da maternidade mas só vivendo para saber.
Se experiência alheia pudesse ser transferida, eu abriria uma barraca aqui na porta de casa para vender várias bem legais que vivi.
Para as mulheres que tem emprego fixo, a dor da separação ao término da licença a maternidade que é insanamente curta no nosso Brasil de "Lulas e Delúbios" é sentida por antecipação nas horas e horas de banhos,mamadas, trocas de fralda e colo.
No meu caso enfrento diariamente durante minhas atividades domésticas maternais os temores que a carreira de atriz sempre me ofereceu mas que agora me parecem superlativamente maiores.
A tal constipação profissional do título do post.
Tudo travado, impossibilitado, duvidoso e nebuloso como meu intestino que continua funcionando mal por causa do ferro que ainda tomo devido a anemia causada pela enorme perda de sangue do parto normal.
Ahhhhh o tão desejado parto normal...
Esse será assunto de outro post: "As consequências de um parto normal".
Assim como a cesárea, elas existem e dependendo do grau de vaidade da mulher, o preço a ser pago por optar pela natureza agindo sobre nós pode ser alto.
Gostaria de ter sido avisada das possíveis consequências físicas que o parto normal pode causar.
Não foram poucas e estou tendo que conviver com mudanças que não considero nada agradáveis.
Falar delas é falar de escatologia num grau de exposição da minha intimidade que se minha mãe ouvisse ou lesse ia achar que eu enlouqueci.  Mas acredito de verdade que seria importante alguém ter coragem de contar. Para dar a chance de outras mulheres saberem o que pode aguardar por elas e assim fazerem uma escolha pertinente com os temores da vaidade sexual.
E falando em sexo...
Escrever sobre ele nesta fase também será interessante, mas de novo minha mãe poderá achar que enlouqueci com o grau de exposição futuramente relatado.
Por incrível que pareça ainda encontramos tempo para pensar e fazer amor.
Confesso que com o prazo de validade vencendo como os produtos nas gondolas da minha existência e ritmo alucinado como a banda larga do meu computador.
Mas ainda é amor e para ele eu decreto LIVRE DEMANDA.
Preciso avisar meu marido sobre a nova decisão de decreto.
Acredito que ele ficará feliz com essa forma de tirania.


domingo, 28 de outubro de 2012

O SONO NOSSO DE CADA NOITE NOS DAI HOJE

Já falei mais de uma vez em posts sobre o medo que eu tenho em fazer deste blog o "Meu querido diário". Em vários deles detecto esta característica narrativa e descritiva - comum em agendas pré adolescentes- de acontecimentos da minha rotina de ex grávida e agora de pós parida com um bebê de 2 meses 1 semana e 3 dias em casa.
Mas falar das minhas experiências e descreve-las, falar do que sinto e o que passa pela minha cabeça nas várias e várias horas que me encontro sentada na poltrona de amamentação com Ian pendurado no bico de meu mamilo, naturalmente me aproxima do formato "meu querido diário".
Então... Vamos a ele!

"Meu querido diário!
Dia desses enquanto observava Ian sugando nosso leite, digo nosso porque sai do meu peito mas o leite é dele, me peguei pensando mais uma vez em quão ausente ando do blog "Meu trabalho é um Parto" e na quantidade de coisas que gostaria de escrever mas não tenho conseguido.
Uma profunda aflição me consumiu ao detectar que talvez nunca eu consiga relatar tudo que penso, reflito e NÃO CONCLUO durante as muitas horas de mamadas.
Talvez não dê tempo...
Talvez eu nunca mais na minha vida tenha tempo suficiente para escrever como gostaria.
Talvez eu  nunca mais consiga fazer muitas coisas que gostaria.
Agora eu tenho um filho.
Este filho depende de mim.
A minha vida já não é mais só minha assim como o meu leite que é mais dele do que meu.
Minha vida agora é do Ian.
Uma pausa para o choro, meu querido diário...
Puérperas choram...
Assim como as grávidas...
Preciso ir ao banheiro assoar o nariz que está pingando catarro assim como pinga leite do meu peito.
Já volto.
Pronto!
Assoei.
Fiquei de escrever tantas coisas que prometi na gravidez...
Talvez eu nunca escreva.
Talvez eu nunca mais tenha tempo.
Prometi escrever sobre como a memória de uma grávida fica comprometida e de contar casos das minhas experiências com a falta dela nos  nove meses de gestação (acabei não cumprindo com o que prometi em um post) e o tema MEMÓRIA DE UMA PUÉRPERA seria mais um tema a explorar.
Ahhhh meu querido diário como meu cérebro anda funcionando de forma desordenada e se encontra cheio de buracos e lacunas. Imagino meu cérebro como a lua e suas crateras ou uma peça de queijo Ermental.
Falta pedaços...
Além das ausências de memória de nomes de pessoas muito próximas, de fazer telefonemas prometidos, de fazer favores domésticos pedidos pelo marido entre vários outros exemplos que não vem ao caso citar, uma enorme ausência de memória dos primeiros dias e noites após a chegada da maternidade me faz lamentar existir, ou não existir já que estamos falando de ausência, dentro de mim.
Chegar em casa da maternidade com uma nova criatura é algo tão sublime, mágico, poético, lúdico, entorpecente e  também completamente LOUCO que a sensação que tenho hoje ao tentar lembrar das primeiras noites dormidas em casa é de um longo sonho nublado, embaçado e desfocado.
Se não fossem as fotos, os vídeos feitos em câmeras e celulares eu não teria como lembrar do rostinho e corpinho de Ian neste início de vida. Não tenho a memória visual do seu crescimento de 3,200 Kg e 49 cm que foram o peso e altura que ele saiu da "fábrica de parto", para os 60 cm e 7,050 kg  que hoje se encontram depositados principalmente em suas bochechas e cochas.
Tenho a impressão de que nunca tive um bebezinho em casa e que de repente a Dona Cegonha tocou minha campainha com o bebezão que Ian se tornou em tão pouco tempo, colocou-o nos meus braços e se mandou para o NOSSO LAR.
2 meses 1 semana e 3 dias de vida.
O que significa isso diante uma vida inteira que ele tem pela frente?
Nada e tanto...
Dois meses é quase um quarto do que ele passou dentro de mim ou seja; nada.
Mas foram nestes 2 meses que ele está mamando o suficiente para ficar forte e saudável e criar imunidades necessárias para aguentar uma vida toda de vermes, vírus e bactérias  que ele tem pela frente.
Apesar dos 2 meses e 10 dias parece estarmos juntos há muitos anos. Nossa convivência e tão profunda e intensa que apesar de ainda não nos conhecermos muito bem muitas vezes sinto que nunca nos desgrudamos e que eu já conheço ele de algum lugar.
Olho para ele e penso: " parece que já tinha te visto em algum lugar !"
O céu talvez.
Ou no NOSSO LAR para onde a Dona Cegonha que o deixou  aqui em  casa voltou depois de fazer a sua entrega.
Nunca convivi com ninguém de forma tão ininterrupta como hoje convivo com Ian. A não ser com minha mãe quando eu ocupava o posto de "sugadora voraz" de suas tetas.
Mas disso eu não me lembro.
Acordar no meio da noite para colocá-lo acoplado em meus seios, ou não dormir uma noite inteira participando de suas aventuras variadas das madrugadas inesplicávelmente " mágicas" é uma experiência muito interessante de ser relatar.
O que acontece na madrugada ?
O que ela proporciona para os bebês a ponto das mães poderem escrever filmes, livros e peças de teatro sobre o assunto ?
Ian teve uma fase que parecia ser 2.  Ian do dia e Ian da madrugada.
Mas do meu Rebentinho não posso reclamar. Diante milhares de casos que ouço na vida, nos blogs e sites, Ian no fim das contas tem saldo positivo total.
Já o meu saldo que muitas vezes questionei, e continuo questionando, tenho duvidas se vem sendo positivo como mãe e cuidadora.
Ouvi muitas vezes a frase "SER MÃE É TER CULPA" quando estava escrevendo "Meu Trabalho é um Parto" e hoje é da minha boca que ela sai.
Em tudo que se refere a questão sono noturno/mamadas e nosso comportamento em relação a isso existe uma pitada de dúvida seguida de culpa.
Os vários livros como o famoso NANA NENÊ foram lidos, o meu livro interno do bom senso é consultado diariamente, o livro interno da capacidade de suportar ver seu filho chorar no berço implorando por você também vem sendo foleado e nunca sei se estamos fazendo a coisa certa.
Isso é desgastante de um jeito que minha alma parece ser corroída pelos meus remorsos.
Deixei Ian chorar no berço algumas vezes acreditando estar fazendo um bem para nós. Aquela velha história de os meios justificando os fins.
Nunca tinha vivido a privação do sono apesar de ter tido na gravidez uma fase de insônia que já havia me dado uma colherada de noção da dificuldade que é.
Não dormir  ou dormir muito mal é algo enlouquecedor e minha obsessão em "treinar" Ian para dormir bem teve início antes dele completar um mês e se estende até hoje.
Agora de forma um pouco menos neurótica.
Mas o assunto DORMIR está em mim.
Se ele dorme bem, eu durmo bem, Galdino dorme bem e a vida é boa.
Se ele dorme mal ou não dorme, ninguém dorme e a vida fica muito , muito muito chata e desagradável e achar a vida chata e desagradável quando se tem um filho tão desejado e esperado em casa é muito frustrante.
Passei dez dias praticamente sem dormir e me tornei um zumbi odioso e odiável achando a vida algo meio sem sentido.
Imaginem que difícil achar e sentir da forma mais intensa e genuína que a vida é uma idiotice com um filho no peito ?
É dual de mais.
É doloroso, dolorido, sofredor...
Mas a falta de sono faz isso. Subverte e inverte os sentidos da vida e assim pensando eu obcequei em treinar Ian desde seu primeiro mês de vida a dormir bem para que possamos ter uma vida feliz pela frente.
E aí vem a angústia por nunca saber o que é melhor. Todas as informações lidas nos livros das livrarias e os internos se misturaram dentro de mim junto as informações do Dr. Google e das amigas, me oferecendo uma salada de dúvida, medo e culpa.
O berço de Ian se encontra em nosso quarto.
Isso é considerado inadequado por muitos livros, pediatras e psicólogos. Desaconselhado por várias linhas de pensadores  e estudiosos do assunto.
Vivo em uma casa de arquitetura "Pós Classe Pobre Ascendente a Média com anseios a nova Média pós mandato Lulista Neo Popular Operária" de um bairro muito louco chamado Vila Anglo Brasileira.
Fica atrás da Avenida Pompéia.
Os antigos donos, em quem pensei junto a toda minha vizinhança  para criar esse nome da arquitetura da minha casa, foram construindo uns puxadinhos no decorrer de sua passagem por aqui.
Não rolou nenhuma lage, mas puxaram a casa para cima na parte dos fundos onde ficam o quarto e banheiro do Ian e nosso escritório. O quarto do casal que é imenso fica na parte de baixo da casa.
Se Ian dormisse em seu quarto eu teria uma sala, uma cozinha, banheiro, camarim, closet, corredor e uma escada entre nós durante a noite.
Seria essa a distância do bico do meu peito até sua boca. Sem contar alguns centímetros a mais da grade do berço.
Impossível viver assim na madrugada.
Impossível suportar essa distância de meu Rebento e uma babá eletrônica com câmera ligada na mesinha de cabeceira promovendo uma imagem quase nítida e ruídos amplificados pela tecnologia chinesa durante o decorrer da noite.
Seria mais enlouquecedor do que a culpa que carrego de estar fazendo "a coisa errada" já que a maioria diz que ter o bebê no quarto não é adequado no treino ao bom sono e de outras coisas mais na formação de um ser.
Minha loucura de dez dias sem dormir me levou a uma oficina de Shantala, a literatura moderna capitalista  e questionável do mercado para mães e bebês e a ter várias brigas com meu amor.
Quem não dorme perde noção do bom senso e da educação e várias vezes fui grossa e arredia com Galdino o que nos levou a discuções.
Impus regras e dei ordens sempre almejando o sono ideal para a família e cada vez que quebramos as leis determinadas por mim tivemos debates acirrados onde expusemos nossas opiniões às fórmulas indicadas pelos livros. Muitas vezes as opiniões são divergentes o que acarreta em briga.
Ian já sabe qual a hora de dormir. Já temos a rotina da noite que começa com Shantala, passa pelo banho de balde, pelo meu peito ( de novo, sempre...) e termina no berço.
Tem dado certo.
Mas semana passada tivemos 3 noites seguidas de Ian ligado no 220 ás 4:00 da madrugada sorrindo e querendo brincar após uma das mamadas.
Na vida do bebê, que tenho a impressão de ser um saco, sono e fome estão diretamente relacionadas e daí de novo a dúvida em relação a forma de aleitar em função do sono.
Livre demanda está "na moda" e me parece ser a decisão mais acertada no que se refere a alimentação de um bebê. Mas não estipular horário nenhum para dar de mamar pode ser um problema sério na vida de uma mãe e de um casal.
Na vida do sono.
Do meu acupunturista ouvi que eu tinha que treinar Ian para mamar de 3 em 3 horas  por 500 motivos que não estou com paciência para escrever aqui.
Ele me convenceu.
Voltei para casa decidida a deixar Ian chorar de fome por 1 hora  naquele dia que seria o início do novo treino.
É horrível ver um bebê chorando de fome.
É horrível a culpa que se carrega por deixar um bebê chorar de fome com 2 tetas transbordando leite.
Depois li um artigo ótimo na internet sobre a livre demanda e passei a achar meu acupunturista um idiota e voltei atrás com a forma "da moda".
Dias depois conversando com o pediatra entrei em conflito novamente e comecei a angustiar de novo.
A dúvida é cruel.
Opinião de mais nos enlouquece.
Depois veio o questionamento CHUPETA.
Ouvi de muita gente que a chupeta nos ajudaria a ter noites mais tranquilas, que ela proporcionaria intervalos maiores entre uma mamada e outra já que algumas vezes eles querem peito só para chupetar.
E lá fui eu de novo ler sobre chupetas.
E lá fui eu ler sobre psicomotricidade.
E lá fui eu ler sobre todos os comportamentos possíveis de um bebê até 3 meses de vida.
E lá fui eu ler o EVANGÉLIO SEGUNDO ALAN KARDEC para poder encontrar um pouco de paz no meu coração.
E mesmo depois de definir como agir em cada caso, a dúvida de estar fazendo ou não a coisa certa sempre bate na porta e muitas vezes acompanhada da amiga Culpa, do primo Remorso e do namorado Arrependimento.
No dia que Ian completou exatos 2 meses fomos tomar as vacinas indicadas para a fase.
Tenho um marido que odeia remédios.
Sou uma mulher que curte uma droguinha legalizada.
Ao voltar para casa do posto de saúde Ian mamou dormiu um pouco e quando acordou começou a chorar.
Chorar muito. Muito. Muito!
Ian é um bebê que não chora. Para conseguir o que quer resmunga.
Neste dia pude detectar sua capacidade "berral".
É grande.
E sofri.
Chorei junto.
Só não berrei como ele para não fazer daquela tarde um terror vespertino.
Galdino me deu uma bronca e disse que seria difícil ter que cuidar de dois.
Liguei para o pediatra depois de meia hora de lágrimas e ele disse para fazer compressa de água fria nas perninhas e que se a dorzinha não passasse para dar Tylenol.
Eu teria dado Tylenol de cara mas Galdino odeia remédios.
Ficamos quase 40 minutos insistindo na compressa e ele berrando de dor.
A língua tremia.
Pude conhecer seu céu da boca onde o bico do meu peito muitas vezes se acomoda.
" Ahhh, é lá que meu bico dorme!"
Até o momento que Galdino me disse : " Está bem ! Eu me rendo! Pode dar o Tylenol."
Em menos de 5 minutos ele parou de chorar, se acalmou e dormiu. Aliás chapou.
Além da reação ao remédio, a exaustão do choro.
Para que deixar uma criança chorar por mais de uma hora de dor ?
Desta vez a amiga Culpa e o primo Remorso bateram na porta da consciência do meu amor.
Ian nunca mais vai chorar de dor depois de tomar vacina.
Será chegar em casa na volta do posto de saúde e tomar Tylenol.
Hoje ele não quis receber Shantala, meu querido diário.
Fico frustrada quando não realizo o ritual do sono completo. Já fique mais em outros dias que ele não esteve a fim de ser massageado por todo seu corpinho de pele de manteiga.
Pele de nenê parece de golfinho...
Lisinho...
Preciso respeitá-lo.
Preciso compreender que ele já faz escolhas.
O primeiro banho de balde foi frustrante de mais para mim. Eu estava no auge da busca pelas fórmulas do bom sono e achei que o balde seria a solução. Foi a fase que ele acordava ás 2 da manhã e ia até ás 9:00 dormindo 15 minutos e mamando 1 hora, dormindo mais 20 minutos e reclamando de gases estagnados por mais 2 horas, dormindo mais 30 minutos e querendo brincar por mais uma hora e meia e assim passamos 10 noites de nossas vidas das 2:00 ás 9:00 que era quando ele parecia voltar ao normal.
Foi aí que enlouqueci.
Foram esse 10 dias que meu corpo conheceu minhas olheiras que começaram em baixo dos olhos, atravessaram a bochecha, passaram pelo pescoço, desceram pela barriga e foram parar no pé depois de estacionarem por alguns dias nos joelhos.
Estava super esperançosa por uma noite de sono com mamadas de duas em duas horas e acreditei de fato que o banho de balde resolveria a questão.
Ele chorou assim que seu pés tocaram a água.
Ele adora banho.
Nunca chora.
O banho não rolou e eu fiquei muito muito muito triste.
Mas insisti na idéia e deu certo !  Vivaaaaaaa ! Ian adora o banho de balde. Fica viajandão... é lindo de ver.
Hoje fez calor de mais meu querido amigo diário... E hoje o Serra perdeu mais uma eleição.
O Serra perde muitas eleições né ?
Será que ele fica  tão frustrado e triste a cada derrota assim como eu fiquei com o banho de balde sem sucesso?
Tem que ter muita resistência emocional para ser político.
Tem que ter muita resistência emocional para ser mãe.
A maternidade assim como a política é para os resistentes.
Hoje chorei ao ver Faustão.
É amigo diário, mudei de assunto!
Teve "Arquivo Confidencial" com a Adriana Esteves que ainda está vivendo  a glória de Carminha e colhendo os louros e aplausos do Brasil.
Fiquei feliz a beça por ela que todos dizem ser uma pessoa muito legal e merecedora do que está vivendo.
Mas tive inveja também.
Tudo que eu mais sempre quis para minha carreira é o que ela está vivendo.
Talvez eu  nunca mais tenha tempo para conquistar meu lugar ao sol  na Rede Globo e no coração de milhares de telespectadores.
Talvez eu nunca mais consiga fazer muitas coisas que gostaria.
Talvez eu nunca mais tenha tempo...
E ao olhar para o carinha do Ian que ao meu lado se distraia com a luz da televisão eu me senti muito culpada por estar chorando na frente dele, por estar sentindo o que estava sentindo que está diretamente relacionado a o fato de hoje ele existir e me senti culpada por já ter apresentado a máquina televisão para ele.
Ser mãe é ter culpa.
Assim me despeço de mais um post com idéias confusas e nubladas assim como minha memórias dos primeiros dias de Ian em minha vida, com pena do Serra, de mim, da minha coluna  que carrega  7 Kg de Rebento e cheia de saudades do Ian que dorme em seu berço.
Aquele que me culpo por talvez estar em lugar errado.
Luto diáriamente para que ele durma na hora certa e bem, e quando ele dorme minha existência fica meio sem sentido e tudo que eu quero é que ele acorde para que eu me sinta útil e com alguma função no mundo.
A rede Globo nunca me quis, mas o Ian prercisa de mim."


terça-feira, 18 de setembro de 2012

UM PÓS PARTO SEM FIM JUNTO A SOMBRA DE LAURA GUTMAN.


Ontem Ian completou um mês de vida.
Um pouco menos que isso postei meu último texto. O texto do PARTO ! Post lido por mais de 1500 pessoas a última vez que conferi o gráfico de acesso do Blog.
E por que será que demorei tanto para voltar heim ?
Quem adivinhar ganha um pirulito !
Um mês...
O que é um mês diante uma vida toda ?
A impressão que tenho quando olho para ele - geralmente durante as mamadas já que é essa a nossa atividade comum executada praticamente todo o tempo de nossas vidas durante este 1 mês - é que nos conhecemos e convivemos há um tempão.
Um mês dentro de casa com saídas esporádicas para idas ao pediatra, ginecologista/obstetra, acupuntura para cuidar das sequelas nas vértebras resultantes do barrigão e passadas rápidas no supermercado para compras relâmpago entre mamadas, parece uma eternidade.
Tem dias que me pego um tanto angustiada e detecto que  essa angústia é "filha" da minha ansiedade que acredita por alguns ridículos minutos que a vida está acontecendo lá fora enquanto a minha está estagnada aqui dentro de casa.
Absurdo meu pensamento, afinal aqui dentro de casa tem uma nova vida e eu sou a grande responsável em dar continuidade a ela, afinal é do meu peito que sai leite para eu alimentar meu "Ian Rebento".
E a quantidade de coisas que tenho vontade de escrever sobre todos meu devaneios de puérpera é tamanha que de novo me pego angustiada inúmeras vezes por não conseguir sentar frente ao computador como seria necessário para poder expurgar até a última gota todos meus anseios, culpas, medos, dúvidas...
E como passamos a ter dúvidas meu DEUS !!!!!
Mas todos esses são assuntos que desenvolverei depois. E sem data para postar.
Agora é tempo de "expurgar" até a última gota do meu leite, e tenho que parar de me responsabilizar por não estar conseguindo fazer muita coisa além de "aleitar" meu bezerro.
Uma coisa de cada vez.
Agora a vez é do pós parto.
"Mas Veri... Que parte do pós parto ? Pós parto é algo que parece ser eterno... Não é esse o título do post ?"
Vamos de acordo com minha capacidade de organizar raciocínio, coisa que tem sido tão difícil nesta fase quanto fazer coco, segurar xixi e dormir  entre outras várias dificuldades!
Que GESTAÇÃO e PARTO são assuntos que mobilizam grupos independente de suas classes, raças, crenças ou religião em função da multiplicidade de fatores que envolve o assunto; é algo que estamos mais do que cansados de saber!
A singularidade de cada gravidez e de cada parto é algo que intriga a humanidade até hoje.
Nunca é igual...
Podemos achar pontos comuns e descobrir coincidências entre as várias histórias que ouvimos e as vividas por nós mesmas, mas é fato que a beleza e curiosidade que o assunto desperta até hoje envolve a questão do não genérico. Do único. O individual. O exclusivo. O inédito.
E uma história inédita bem contada, todo mundo gosta de ouvir.
Não foi a toa que resolvi fazer uma peça sobre o assunto!
Imaginei que muita gente se interessaria em me ver e ouvir interpretando algumas destas histórias.
A beleza e a LOUCURA de uma gravidez e um parto é explícita e óbvia porque parece magia.
Nos tornamos um pouco DEUSAS ao detectarmos nossa capacidade de gerar vida. E essa sensação  de onipotência parece ter fim quando o bebê sai de dentro do nosso corpo e os presentes na sala dizem : NASCEU !!!!
Mas não...
Ele, o grande acontecimento PARTO, permanece na  nossa memória por muitos dias fazendo com que  revivamos a emoção inúmeras vezes.
Talvez a vida toda.
Assim nos tornamos DEUSAS cada parto executado na memória.
Onipotente e onipresente a cada mamada. Produzir leite nas tetas eé DIVINO.
A"Aventura Parir" deixa cicatrizes profundas registradas nos lugares mais loucos do cérebro e coração da puérpera o que é fundamental para que esta deixe de ser filha e passe a ser mãe.
Cicatrizes essas, que dependendo da mulher, podem promover além de dor emocional, "dor estética", "dor auto-confiança"e "dor vaidade" caso a relação desta com seu corpo e imagem seja intensa ou mal trabalhada.
O pós parto é de fato a prorrogação e os pênaltis de um jogo que é muito mais longo que 2 vezes 45 minutos + 2 vezes 15 minutos e 5 chutes a gol de cada time para a definição do campeão.
Ou  é o epílogo de um espetáculo de 4 atos e muitas , muitas , muitas cenas!
O pós parto dura o resto da vida já que para sempre o bebê que saiu de dentro da mulher será um FILHO.
De repente a parturiente recebe um novo script com novo papel e um novo roteiro de gravação, e em pouco tempo ela tem que se adaptar ao novo personagem, decorar novos textos e gravar cenas nunca antes estudadas.
Mas essa pauta fica para depois. Falar das cicatrizes da  minha emoção e do meu esfíncter anal e assoalho pélvico são os pênaltis.
Muitas coisas sobre o segundo tempo e a prorrogação ainda quero relatar.
Como já lhes antecipei, organização de idéias não tem sido meu forte e é bem possível que meu texto não seja um exemplo de dissertação digno de boa nota na FUVEST.
Aliás, a única vez que fiz essa prova consegui fazer só 27 pontos! Se eu tivesse chutado a opção "a" na prova toda teria ido melhor.
Estamos dentro do Delivery Room, eu, meu marido, meu médico e sua esposa, o "anestesista rolo compressor", a enfermeira chatonilda que levou uma mijada maravilhosa de Ian que vingou seu pai ao nascer (Esqueci de contar essa passagem no post anterior. Uma "enfermeira-Rede Globo" resolveu ser grossa com meu amor e Ian mijou na roupa dela. Foi  maravilhoso!),uma enfermeira gentil que acompanhou todo o trabalho, Ian e vocês todos que "me lêem" assiduamente e me acompanharam na "partodisséia".
Não! Errei! Ian já não estava mais...
- "Pera ai ! O protagonista da obra não está em cena?"
- "Está sim! Eu, Veridiana, continuo na sala de parto."
- "Não! Você já não é mais a protagonista Veri. Virou coadjuvante assim que Ian deu o ar de sua graça, inspirou o ar da vida e chorou.
O novo protagonista foi levado para o berçário central onde passará 4 horas. Lá será banhado, analisado, medicado, de novo medido,de novo pesado e espero que mimado e muito bem tratado."
- "Pera ai  de novo! Quatro horas na ausência do ator principal ?"
Pois é. Foi o que pensei. Quatro horas longe do meu filhinho? Isso é muito para quem esperou mais de nove meses para recebê-lo nos braços, na vida, na alma!
Não se esqueçam que antes da gravidez de Ian, outras sem sucesso me proporcionaram um universo sideral de expectativas. Quatro horas me parece uma eternidade para quem desde 2009 vem se dedicando a engravidar e parir.. Me parece infinito. Me parece sem fim...
Galdino saiu para ver Ian sendo banhado, medido, pesado, analisado e afins através do vidro do berçário central onde a Dinda Marilia esperava para tirar as primeiras fotos com o tal vidro entre ela e seu afilhadinho recém nascido.
Na sala de parto ficamos eu em Dr. Roberto que tinha um calhamaço de papéis da "fábrica de parto" e da Unimed Paulistana para assinar.
Numa rápida conversa antes que me levassem para uma área de "anestesiadas em observação", Dr. Roberto falou sobre o parto se dizendo satisfeito num tom de desculpa que me fez questionar até que ponto ele estava de fato satisfeito.
Ele sabia que eu não queria data marcada e indução.
Ele sabia que eu não queria anestesia.
Ele sabia que eu não queria episiotomia.
Ele sabe que depois que temos nossos filhos no braço sãos e salvos - e no caso do Ian transbordando saúde - não "temos" mais tempo e nem emocional a disposição para ficar refletindo muito sobre o parto. De forma geral as mulheres ficam tão "drogadas" de paixão por seus rebentos que esquecem de tudo e só tem olhos, cabeça e coração para seus bebês.
Mas eu tinha emocional para ficar refletindo o parto.
Eu tenho.
Por opção resolvi não divagar de mais já que corro o risco de ir ao encontro mais uma vez da minha vulnerabilidade e suscetibilidade, e sofrer...
Laura Gutman diria que eu já estaria indo de encontro a minha SOMBRA.
Sobre a minha sombra, as nossas sombras falarei depois também. E talvez eu mude o título do post já que falarei tão pouco dela.
"-De Laura?"
Não ! Da SOMBRA!
O fato é que fui "seduzida", e como uma adolescente apaixonada pela primeira vez, vulnerável e suscetível a lábia de sua paixão, fizeram de mim e do meu assoalho pélvico o que quiseram. Foram além.
Em fim !
A vida segue e minha episiotomia pelo menos foi muito bem feita. Mais tarde saberei se galdino aprovou os pontos dados por Dr. Renata. Ainda estou na quarentena...
Após o "papo desculpa" com meu médico, fui levada para a tal área de anestesiadas.
A imagem da mulher híper recente pós parida não é a mais bela esteticamente falando. A pós parida de parto normal então...
Num parto atingimos o grau máximo da proximidade ao primitivo absoluto. Viramos bichos e a beleza disso encontramos no significado e não na imagem ali exposta.
As anestesiadas pós paridas de cesárea tem um semblante mais descansado porém nos corredores da maternidade vemos em suas faces o desconforto dos cortes das várias camadas.
Me disseram que eu ficaria em observação e assim que liberada me levariam para meu quarto onde eu encontraria meu amor pela primeira vez a sós depois do nascimento do nosso filho.
Achei um saco aquela espera. A tal observação era o controle da minha pressão e temperatura. Eu estava ótima e queria me mandar daquela sala de puérperas da cesárea. Eu era a única recém parida de parto normal e isso era um orgulho.
Uma bobagem na verdade. Cada um faz o que quer da vida mas não deixo de ter minha opinião e convicção sobre o assunto. Mesmo sendo suscetível e vulnerável...
Puxei papo  com uma enfermeira que me contou ser também fisioterapeuta e depois que já haviam levado todas as mulheres para seus quartos e estávamos sozinhas na tal sala, ela se sentiu a vontade para tricotar.
Ótimo! Uma enfermeira chapa que vai fazer o tempo passar mais rápido. Nada melhor que falar para fazer o tempo passar.
Me disse ela que uma amiga fisioterapeuta da maternidade foi contratada para fazer drenagem linfática na mulherada e que se meu médico prescrevesse, eu teria direito a massagem nos dois dias seguintes até a auta. Contou que a amiga trabalha super pouco pois poucos sabem da disponibilidade e direito deste recurso delicioso que é uma drenagempaga pelo convênio.
Conversei com meu médico sobre isso, o pedido foi prescrito e a fisioterapeuta nunca apareceu...
Uma das decepções com a a "fábrica de parto".
Chegou a minha vez de ser levada ao quarto !
Chegando lá Galdino estava a minha espera, morto de fome, e depois de namorarmos um pouco ele disse que desceria para comer.
Como acompanhante ele tinha direito a 3 refeições diárias e essa foi a outra decepção com a "maternidade referência". Tivemos que "brigar" pela comida de Galdino que chegou a ir na administração do hospita lutar por seus direitosl.
Eles dão uma de "migué" e não levam a comida para o acompanhante. Se o "papai" ( Não se esqueçam! Todo mundo é papai e mamãe na" fábrica de parto", ninguém tem nome! Usamos pulserinhas até na testa não sei para quê!) for um trouxa e não lutar pelos direitos, vai ficar sem comer ou ter que pagar R$ 35,00 por refeição na "praça de alimentação do shopping S. Luiz ".
Ah ! Esqueci de contar! O berçário central fica ao lado de uma Kopenhagen e um restaurante/lanchonete que terceiriza o serviço de refeições para os acompanhantes. Ou seja; se a maternidade está bombada de visitantes, o serviço está pesado e a caixa registrando a entrada de uma grana preta, a entrega das bandejas dos acompanhantes nos quartos pode atrasar em até 2 horas. Eles priorizam a caixa registradora e que se danem os "papais" famintos nos quartos.
É !!! A "fábrica de parto"  também é referência em banalização de serviço do mundo moderno onde todos só pensam em FATURAR!!!
Tem "papai" que fica tão ou mais cansado que a "mamãe". Galdino é um exemplo. Ele ficou exausto, talvez até mais que eu mesma, e quando voltou para o quarto após dar o nosso suado e batalhado dinheiro para quem nos deveria ter fornecido a primeira refeição pós parto "de graça", dormiu pesado e roncou até a chegada do nosso Ian ao quarto.
Já eu... continuei com a mesma Duracel no cu que me acompanhou durante uma fase da gravidez. Demorei para pegar no sono e depois da chegada do protagonista no quarto então... Foi aí que percebi o quanto não dormiria por um período que já completou um mês e um dia.
Estava naquele sono meio besta que a cabeça fica ligada, os olhos fechados e a respiração diferente da normal quando comecei a ouvir o choro alto de um bebê. Nosso quarto ficava em frente ao berçário do andar. O choro parecia de um carneirinho e pensei: " Puta saco essa criança chorando e atrapalhando minha tentativa em dormir. O pior é que eu não tenho como ligar para a recepção e reclamar do barulho. Estou em uma maternidade!"
Um pouco mais a enfermeira entra no quarto com nosso "rolinho" nos braços Soubemos que o carneirinho era Ian. Eu já queria botar o tetão para fora e dar meu colostro e a enfermeira me impediu dizendo que eu precisava descansar. Eu disse que não estava cansada e que ia dar o peito para Ian sim ! Assim fiz e foi bem legal pois no ato já percebemos que não teríamos problemas com amamentação. Ian nasceu sabendo abocanhar meu mamilo que quadriplicou seu diâmetro e a chupar vorazmente o meu néctar.
Depois disso consegui dormir  mas em duas horas meu sono foi interrompido por uma enfermeira que veio ao quarto para me ajudar a tomar banho.
"Banho na madrugada  Veri?"
É na madrugada que acontecem muitos eventos em uma maternidade. O exame do pezinho de Ian foi feito na madrugada por exemplo. Me levaram ele para tirar seu sangue. Na madrugada !! Acho que é para nos deixar claro o quanto as madrugadas passarão a ser ativas a partir de então.
Durante o banho tive um desmaio por causa de pressão baixa e se não fosse Galdino a enfermeira não teria força para me segurar. Minhas pernas tremiam com vigor e tive uma crise de frio tão louca quanto o desmaio. Tão louca quanto os vários durante o parto. Tão louca quanto tudo vem sendo na "partodisséia".
A primeira pessoa a entra em nossos aposentos no dia seguinte quando já estávamos mais lúcidos não foi a pediatra, não foi meu médico, não foi a nutricionista... Foi uma representante da maternidade querendo nos vender uma foto grandona do parto para pregarmos na parede do quarto.
- Não ! Obrigada. Não queremos !
Tempos depois apareceu a nutricionista me fazendo várias perguntas. Se eu tinha alguma restrição alimentar, alergia e gostos. Deveria ter falado que eu tinha alergia a farinha branca e a carboidrato. Mais tarde detectei que eu deveria ser a nutricionista daquele hospital. Qualquer pessoa medianamente informada sobre refeições balanceadas não serviria salada de beterraba, arroz branco, purê de batata e panqueca de ricota com molho de tomate na mesma refeição.
Só carboidrato !!! E a pequena porção de proteína veio pela ricota que também tem carboidrato!
Outra decepção da "fábrica de parto"...
Me diziam que a cozinha do S.Luiz era ótima.
Não é não!
Não comi um único pão integral no café da manhã nem nos lanches da tarde e fruta só mamão e pela manhã.
FRUTA !! QUERO FRUTA !!
Meu post já está imenso de grande e eu não tenho como revê-lo, editá-lo, picotá-lo em mais de um. Ian dorme no peito da Galdino e tenho que aproveitar esse tempinho pois a hora é agora.
Outra decepção foi em relação a água.
Isso mesmo! Água de beber! Estava com uma sede anormal e os 3 copinhos de 300 ml que vinham a cada refeição não estavam sendo suficientes para a minha sede, menos ainda se incluíssemos o Galdino nesta contabilidade.
Liguei para a nutrição e pedi.
Ouvi a seguinte resposta:
- Na próxima refeição te mandaremos.
- Ah, legal!
Ao desligar o telefone me dei conta do absurdo que havia acabado de ouvir. A próxima refeição só seria em 3 horas e eu estava com sede!
-Oi! Eu acabei de falar com você... Você me disse para eu esperar a próxima refeição para beber água? É isso mesmo? A próxima refeição acontecerá em 2 horas e estou com sede !
- Nós entendemos que 3 litros de água por dia são suficientes. São mandados 3 copinhos de 300 ml em cada uma das 5 refeições. Mas podemos abrir uma excessão para você e mandar mais. Porém você terá que esperar a próxima refeição.
- E agora? O que faço? Vou com minha garrafinha até o bebedouro da recepção e assim aproveito para dar uma passeada pela maternidade?
-Você pode comprar água no restaurante do segundo andar Senhora.
Bom... Acho que eu não preciso nem contar o resto da história né ?
Para quem me conhece é possível imaginar o pampeiro que eu fiz após a sujestão de compra de água no bar da maternidade.
Liguei para recepção, administração, reclamei para o mundo e recebi MUITA água no meu quarto.
Ev , minha babá, a mulher que ajudou minha mãe a criar as três filhas foi a primeira a me visitar e a pegar Ian no colo. Depois de Eva meu "Buddhinha" passou pelo colo de muita, muita gente. Como grande estrela e protagonista foi fotografado com a família e os amigos que passaram pelo quarto nos dois dias seguintes de hospedagem no "Hotel S.Luiz".
Ganhamos presentes lindos além de chocolates e guloseimas para a agonia de quem fez dieta a vida toda e sabia o quão difícil seria, e está sendo, parar de se permitir "licenças poéticas gastronômicas".
Eu havia combinado comigo que as tortinhas de morango da padaria Letícia comidas na quinta feira a noite depois da exposição dos Impressionistas encerraria um cículo de licenças.
Furei a minha negociação comigo mesma e comi bastante dos chocolates que me foram regalados.
Fora os Brownies da Adoro Brownie, meu parceiro de blog, que eu dei de lembrancinha para as visitas fingindo não saber o que tinha dentro da embalagem para não ter vontade de comer dez a cada um oferecido.
Terminamos a noite de sábado e domingo exaustos. Gostaria de screver um manual sobre o bom comportamento de visitantes nas meternidades e em casa mas corro o risco de ofender àqueles que não se encontrarem no grupo dos adequados e bem educados. Tenho dicas maravilhosas sobre horário, lanchinhos e colaboração.
Dar atenção para as visitas, conversar, contar como havia sido o parto, responder às curiosidades a respeito de nossos planos de rotina domésticas e cuidados com Ian nos esgotou a energia nos dias 18 e 19. Energia que parece nunca mais ter sido reposta.
Há um mês e um dia nossas baterias estão gastas e são recarregadas por tão pouco tempo nas noites de "sono"... Ai ai...
Mas basta olhar, beijar, abraçar nosso filhinho para pensar que vale a pena. Vale muito a pena viver tudo isso para compreender o que é o amor mais puro e genuíno que se pode sentir dentro do peito esquerdo por alguém.
Chegar em casa com um novo e pequeno habitante, a adaptação à nova vida e a SOMBRA de Laura Guttman serão temas de posts futuros já que eu extrapolei em laudas e provavelmente em paciência de leitores. Aliás, não desenvolvi nem mesmo a questão do eterno pós parto que também ficará para depois.
Tudo ficará para depois...
A prioridade agora é Ian. Meu carneirinho, meu Buddhinha, meu samurai lutador de sumô. Japinha lindo que veio com nariz e boca do pai. Espero que pinto e bunda também !
Peço desculpas pelo texto confuso e mesclado de muitos assuntos e nenhuma conclusão.
"Mas quem disse que é preciso concluir alguma coisa Veri?"
É verdade... O pós parto assim como a gravidez é uma fase tão dual e banhada de hormônios LOUCOS que exigir conclusão e organização é de fato ir de encontro à minha SOMBRA.
E agora tenho que parar.
Adivinhem o que vou fazer?
Quem acertar ganha um pirulito.








segunda-feira, 27 de agosto de 2012

PARIR OU PARIR: EIS A QUESTÃO...

Para quem acompanha esse BLOG com cara de "meu querido diário" ( ai ai ai como eu temia que isso acontecesse, um BLOG com cara de "meu querido diário"- e aconteceu! ), esse post talvez comece de forma um tanto frustrante já que não vou sair revelando de cara a grande aventura que foi PARIR sexta feira da semana retrasada, dia 17 de Agosto, na Maternidade São Luiz, em um parto induzido com muita gente em alerta, na expectativa, torcendo e rezando para que tudo corresse bem na chegada de Ian.
Aproveito a oportunidade e agradeço desde já todo o carinho, atenção, orações e boas vibrações mandadas durante a semana passada por todos vocês, que de alguma forma vivem um pouco das minhas ansiedades e anseios através das leituras que esse espaço virtual proporciona.
MUITO OBRIGADA POR TUDO!
Antes do meu REBENTO chegar até meus braços ainda vivi uma série de emoções que vale a pena serem relatadas. Mas... Onde é que estávamos mesmo ? Onde foi que parei ? Aliás; onde foi que paramos já que estamos juntos nesta jornada !
Ah ! Passei no consultório do meu médico na quarta dia 15 e aceitei que ele descolasse minha bolsa na tentativa de entrar em trabalho de parto naquela noite.
Fui ao cinema, tive acesso de riso com Roberto Benigni em "Para Roma com Amor" e achei que Ian nasceria no cinema.
Não ! Ele não nasceu!
A tal da bolsa descolada não me deu nem cólica. Nada !
Quinta pela manhã recebi a visita de uma grande amiga e ex cunhada. Luciana Barros que viu o início da minha história com meu amor, lá no Morro de São Paulo há quase nove anos...
Lú ia comemorar seu casamento com Mário no sábado e veio buscar o top do meu vestido de noiva que fui eu que fiz. Todo de fuxico e inteiro bordado com pedrarias.
Meu ex namorado e seu irmão, foi a último homem com quem estive antes de Galdino. Muito do que ele transferiu para mim em relação às suas crenças sobre a vida, casamento, desenvolvimento de uma relação de amor e construção de uma família me fez repensar o que eu queria para mim. Na época eu estava fazendo análise 4 vezes por semana e na sala de terapia meu psicanalista também insistia no assunto  "DESENVOLVIMENTO DE UMA RELAÇÃO DE AMOR".
Eu dizia para ele que eu queria querer sossegar o pito, parar de pular de galho em galho, deitar de cama em cama e fazer da vida uma grande festa de mesclas e misturas sexuais. Mas que no fundo eu ainda não queria...
Quando terminei meu namoro com o Capitão, irmão da Lú, eu pensei: " Ué... Com quem vou desenvolver minha relação de amor agora?"
Foi aí que percebi que algo de novo tinha sido despertado em mim. Eu não só queria querer. Agora eu queria de fato.
Hoje Capitão é  casado com a Fê, uma moça linda, professora de Yôga que engravidou do Capitão provavelmente na mesma semana que eu de Galdino. Passamos a gravidez fazendo os mesmos cálculos. A previsão de nascimento de Alice era para alguns dias depois de Ian.
Na visita em que Lú me fez contou que estava um pouco agoniada com o fato do irmão e da cunhada quererem fazer parto domiciliar.
Depois do almoço meu amor me levou para ver a exposição dos Impressionistas no CCBB no centro da cidade. Fomos de metrô e eu fiz questão de ir com uma roupa que mostrasse bem a minha linda e lustrosa barriga, coisa que não fiz durante a gravidez. Usei roupas bem discretas o que nem combina muito comigo.
Uma grávida é sempre um evento e no centro de São Paulo não foi diferente. Eu passava e as pessoas me olhavam como se eu fosse uma celebridade e como barriga de grávida é patrimônio público, na fila preferêncial para a entrada na exposição uma senhora não exitou em dar aquela acariciada na casinha do Ian.
Foi bom admirar as pinturas e pensar que ver arte da melhor qualidade seria a última atividade de entretenimento antes de dar a luz.
Tomei sorvete de iogurte na saída e passeamos felizes pelo centro com a tarde linda ensolarada caindo e me relembrando a passagem do tempo. Estávamos a cada segundo mais próximos da chegada do nosso filho.
Pegamos o metrô de volta com destino SUMARÉ onde deixamos nosso carro estacionado, e fomos fazer a nossa última "boquinha/licença gastronômica". O destino agora era o Mc Donald´s da Cerro Corá onde comemos um Triple Chease Burguer e depois paramos na  padaria Letícia para comprar torta de morango e levar para comer em casa.
Ligar para a Vilma era o único compromisso inadiável e importantíssimo para aquela noite.
Comecei a explicar para ela como havia sido minha semana e o que eu tinha decidido fazer da vida como uma adolescente que faz coisa errada e conta uma longa história aos pais até chegar no ponto X.
Vilma me disse:
-Veri, a melhor coisa que você tem a fazer é aquela que você é capaz. Se você não se sente capaz de de esperar mais, induzir o parto amanhã é o que você pode fazer de melhor por você.
-Ai meu Deus que alívio ouvir isso de você Vilma !!! É capaz de Ian nascer essa noite de tão aliviada que estou. Te amo. Obrigada !
Como todos já sabem, Ian não nasceu naquela noite... A tal da bolsa descolada não serviu de nada! Nem o alívio de falar para Vilma das minhas decisões mesmo que tardiamente.
Na manhã de sexta feira liguei para minha amiga Luiza Gottschalk que havia ido para a Pro Matre iniciar a indução do parto de Nina pela manhã. A maternidade estava cheia e durante 2 horas ela ficou esperando um leito. Combinamos de ficar em contato o máximo possível. Não é todo dia que parimos "ao mesmo tempo" que uma grande e muito querida amiga!
Em seguida fui ao Buddha SPA fazer a última drenagem com Ian habitando meu interior. A fisioterapeuta que me atendeu ainda insistiu em mexer em pontos do meu corpo na esperança de colaborar com as contrações. Como todos já sabem, Ian não nasceu na maca do Buddha SPA.
Depois de pegar meu amor no metrô que terminou sua aula mais cedo dispensando os alunos pela última vez como "pai de barriga", almoçamos e fomos para casa de minha mãe onde deixamos nosso carro.
Ela nos levou até a maternidade São Luiz.
-Tchau mã ! Vai para casa dar um tempinho e volta mais tarde porque vai demorar. A indução começa só ás 16:00 hs e não tem para quê você ficar aqui gastando estacionamento com valor em ouro.
Na "fábrica de partos"  a burocracia é tão volumosa  quanto em qualquer fábrica deste país e durante uns 20 minutos eu assinei papéis e autorizei coisas como a transmissão do meu parto  ao vivo via web. O código para o acesso da internet era algo que me interessava muito já que em São Paulo, Goiânia, Santos, São Vicente e São José do Rio Preto tinha um grupo considerável de "webspectadores" aguardando a tal senha chegar por torpedo como eu havia prometido.
Saindo da sala de cardio toco onde mais uma vez fui confirmar as batidas vigorosas do coração de Ian, sou surpreendida pela imagem de Galdino abraçando Capitão na recepção da maternidade.
Eles haviam acabado de chegar de um trânsito da Raposo Tavares onde uma motoqueira decidida a ser o anjo do casal naquela sexta dia 17 de Agosto, foi abrindo o caminho para Capitão, Fernanda e Alice dentro do carro onde uma bola de Pilates também acompanhava a saga do trabalho de parto no trânsito da grande São Paulo. Até o DSV entrou em ação e eles chegaram ao Itaim com Fê se contorcendo devido às contrações que vinham lhe atormentando a vida desde terça feira. Capitcha, que é a forma como lhe chamo, estava esgotado! Seus olhos denunciavam as três noites não dormidas e sua exaustão de marido em trabalho de parto conjugal.
Quem diria ! Eu e a mulher do meu ex e último namorado antes de Galdino entrar na minha vida para ficar, espero que para sempre, parindo na mesma maternidade e no mesmo dia.
Logo uma enfermeira apareceu dizendo que eu deveria acompanhá-la. Galdino ficou com nossa bagagem - Sim! Bagagem! Parecia que estávamos indo para um resort em Cancun equipados de malas e malinhas organizadamente dispostas no carrinho de aeroporto - e depois que ele deixasse tudo em nossa suite, seguiria para a sala de pré parto adequadamente vestido com seu figurino de papai. As enfermeiras fazem questão de nos chamar assim o tempo todo. Papai e Mamãe.
Gosto tanto do meu nome! Prefiro ser chamada de Veridiana ao invés de entrar no "coletivo generalizado" que já me prepara para o mundo da maternidade nas escolas, escolinha de natação, sala de espera do pediatra... Todo mundo é papai e mamãe.
Tenho um pouco de preguiça disso.
Chegando na sala de pré parto a enfermeira deu meu figurino de parideira, e logo veio com as agulhas por onde minha veia receberia a tão famosa ocitocina que eu estava louca para saber como reagiria em mim.
Bora lá tomar aquilo que parece não ser fabricado pelo meu corpo da forma ideal !!!!
Logo Galdino apareceu paramentado e munido de nossas câmeras. Ele registraria o grotesco e a Publivídeo o poético.
Detectando que estava com fome, meu amor decidiu  forrar seu estômago já reagente às grandes emoções que estavam por vir. Um parto, por mais sem graça que seja, é sempre um espetáculo de fortes emoções.
Fiquei sozinha na salinha esperando as tais contrações e nada. Sensores do coração do meu anjinho a todo vapor. Já os sensores de contração não tiveram muito trabalho naquela tarde.
Mandei torpedo para a Luiza que estava na Pró Matre. Desde ás 10:00 da manhã ela estava na mesma situação, ocitocina na veia, 2 cm de dilatação e contrações espaçadas.
A enfermeira encarregada dos meus cuidados aumentou depois de um tempo o volume de gotas de ocitocina no soro e me mandou caminhar pelos corredores. Estava morta de sede e perguntei para uma moça vestida com roupinha de hospital se eu podia tomar uma águinha! Um pouquinho que fosse!
Ela se vira para mim e diz:
- Não sei se você pode tomar água, eu não trabalho aqui, estou acompanhando uma parturiente que está no Delivery 2.
Aqueles olhos azuis enormes já tinham passado pelo registro do meu cérebro... Quem é ela? Quem é ela meu Deus ?
- Maira !!! Sou eu, Veridiana !!
-Oi Veri ! Você está aqui ? Como é que você está ?
- Com 5 cm de dilatação há dias, bolsa descolada desde antes de ontem e preparada para uma indução.
Maira Duarte é uma doula que defende o parto natural e acompanha o desenvolvimento de barrigas pela cidade. Assistiu ao espetáculo "Meu trabalho é um Parto" na estréia do União Cultural ano passado e me alertou sobre um médico que decidi abandonar no começo da minha gravidez. O tal Doutor tinha fama de não aparecer nos partos e deixar  mulheres sendo assistidas por plantonistas.
De uma coisa eu tinha certeza. Dr. Roberto jamais me deixaria parir na mão de outrem. Sua insistência em induzir meu parto não estava relacionada somente às suas preocupações e sim com o desejo real e nobre de fazer meu parto.
- Enfermeira! Dá um pouquinho de água para ela coitada. Água ! É água!
- Você está acompanhando a Fernanda Maira ?
- Estou! Vocês se conhecem ?
- O Marido dela foi meu último namorado antes de eu me casar com Galdino.
Eu estava adorando contar essa história para a equipe toda da maternidade. Não é todos os dias que parimos "ao mesmo tempo" que uma amiga na Pró Matre e a mulher do ex namorado na sala ao lado!
A enfermeira deixou meio copinho de plástico de água escondidinho na minha salinha e eu saciei minha sede voraz na volta ao espaço de pré parto. Coloquei em um canal de clipes norte americanos ridículos e comecei a dançar sozinha.
"Vamos ver se dançando alguma coisa melhora por aqui né Senhora Contração?
Ás 18:00 hs meu médico chegou e começou a explicar um monte de coisas que ele já havia me explicado milhares de outras vezes. Ele é muito engraçado em sua repetição. Disse que como eu já estava recebendo em meu organismo um volume alto de ocitocina, seria importante ele estourar minha bolsa para ver se meu corpo reagia melhor. Nesse instante Galdino entra na sala, acaba de ouvir as última explicações e munido da câmera registra meu médico furando minha bolsa e espremendo minha barriga para o líquido amniótico escorrer.
Detectamos ali que o volume de líquido havia diminuído muito de segunda para sexta. Meu coração recebeu naquele instante uma dose de alívio. Deixar entrar na quadragésima primeira semana me pareceu uma loucura ao ver menos de um copo de 200 ml numa espécie de comadre.
Comecei a sentir as contrações e achar divertido. A barriga endurecia e eu sentia um tipo de cócega.
"Que beleza ! Se continuar assim vai ser fácil"
Meu médico fez um exame de toque e detectou 7 cm de dilatação.
- O Delivery está sendo preparado para você Veri. Vamos tomar um banho na banheira de hidromassagem? Vai te relaxar e será bom para nós.
Da banheira de Hidro passei um torpedo para Luiza que fazia embaixadinhas no quarto da Pró Matre e recebi um telefonema da minha irmã mais velha, a Camilla:
- Você acha que vale a pena ir para aí Veri ? Estou saindo de uma reunião na Telefônica. Dá tempo ou já vai nascer?
-Ah Cã... Sei lá ! Vem aí! Devo estar com 8 cm de dilatação, estava com 7 agora pouco, Dr. Roberto disse que será rápido.
-E as contrações? Está sentindo muita dor ?
- Sabe que não Cã... Por enquanto está divertido. Vamos ver como será daqui para frente.
-Espera romper a bolsa para ver o que é dor.
-Mas já estou de bolsa rompida!
-Ah ! Então vai ser fácil! Tô indo para aí ficar com a mamãe.
Foi eu desligar o telefone que minha pressão caiu, fique tontona e tive medo de desmaiar. A água quente me deixou mole de mais.
Me tiraram da banheira e fui para a mesa de parto. 8 cm de dilatação!
Dr. Roberto e a enfermeira começaram a me ensinar como respirar. Diferente do que a Vilma havia me ensinado, fiquei confusa e não sabia o que fazer, se seguir a orientação do médico e enfermeira do S.Luiz ou da Vilma, a japa-maga dos partos naturais domiciliares. Personagem celebridade da última cena do meu espetáculo.
Vilma me disse que eu deveria respirar profundo nas contrações e quando elas passassem eu deveria segurar o ar e fazer força para que o nenê descesse em espiral o que ajuda a não precisar de episiotomia. O médico me mandou respirar três vezes na contração e na quarta segurar o ar por uns 30 segundos e forçar junto à contração.
Segui a orientação do médico e me decepcionei de cara comigo.
"Cadê o meu fôlego de nadadora, ex jogadora de Pólo aquático e 'atleta' que sou ?"
Não consegui segurar o ar nem por 20 segundos. Que fracasso!
Galdino mandou sua primeira pérola "Galdinesca":
-Relaxa Veri. O máximo que pode acontecer é você ter um aneurisma cerebral.
Eu tinha que avisar a equipe que conhecia as piadinhas do meu amor há quase nove anos e que aquele comentário estapafúrdio para a ocasião não me agredia, e assim fiz..
Dra. Renata entrou na sala. Ela é a mulher de Dr.Roberto e eles costumam fazer os partos juntos.
Todos em volta de mim.
Dra. Renata me aconselhou a usar as alças da cama para ajudar na força.
Comecei a ter super oxigenação no cérebro a cada contração/respiração e entrei em delírio. Nunca usei heroína, LSD nem Crack. Mas o que eu sentia me remetia a um tipo de alucinação que usuários de drogas pesadas relatam viver.
Quando eu voltava da "viagem" pensava: " Estou na maternidade S.Luiz, Ian vai nascer, estou na sala de parto, estou viva," e  via meu corpo tremendo, as pessoas me olhando com caras assustadas. Talvez não estivesse com caras assustadas, mas assim eu as enxergava o que me apavorava ainda mais.
Mas mais do que suas caras apavoradas, eu sentia medo de não voltar da tal  viagem.
Medo de abandonar de vez essa passagem e ir fazer companhia para a galera lá no céu.
Todos se afastaram da cama por um instante o que me proporcionou um certo conforto. Me senti menos cobrada , menos pressionada e quando senti mais uma contração chegar, respirei, prendi, forcei e fui parabenizada por Dr.Renata.
-Muito bom Veridiana1 Parabéns. Essa foi muito boa !
Estive ausente em "delírio" por mais 2 vezes e comecei a ficar muito assutada. Avisei a todos sobre o meu medo de não voltar e eles me aconselharam a aceitar a anestesia.
Se é para o bem geral da nação, diga ao povo que tomo !!!
Chegou o anestesista. Um homem simpático de 2 metros de altura, Brunão, que mais tarde viria a se tornar um rolo compressor sobre meu ventre na colaboração para a saída de meu anjinho.
Sentei na beirada da cama com as costas livres para a entrada da maior agulha do mundo.
Galdino mandou sua segunda pérola:
-Caralho Veri! Você não tem noção do tamanho da agulha!
Meu médico me fazia carinho e me tranquilizava enquanto eu, caída sobre minha barriga, mole, frágil, vulnerável ouvia ele dizendo que depois da anestesia tudo seria mais fácil.
Imaginando que Galdino seria recriminado por todos com seu comentário já o defendi dizendo que eu tinha visto uma foto da agulha no livro escrito por  Dr. Roberto. Estava consciente do que penetrava em minha coluna.
 A dormência proporcionada pela anestesia me troxe sensação de prazer mas me fez perder o controle de força. Tudo adormece, relaxa. A verdade é que é muito gostoso. Esse relaxamento todo deu a Galdino a chance de soltar mais um comentário bizarro-pérola-absurdo.
-Veri ! Seu cu tá parecendo uma couve flor!
Eu conseguia imaginar claramente a imagem do que estava se passando nas minhas partes baixas. E que baixas !!!!
Demos continuidade nas respirações a cada contração. Nem antes e nem depois da anestesia DOR foi o que senti. A sensação é de um profundo incomodo que se espalha por uma região grande de ventre e pernas. Dor é o que senti quando tive pedra nos rins, quando queimei meu pulso em uma catle em Londres com vapor d´água a 100 graus.
Aquele relaxamento todo me dava a impressão de impotência absoluta mas em várias contrações fui parabenizada pela Dra. Renata que estava mais confiante que seu marido no sucesso do parto "normal". Minha alma parece ter passeado pelo "Nosso Lar" e todas as cidades espirituais existentes e voltava. Eu me pegava com pensamentos que não tinham nada a ver com o que estava vivendo e que hoje já não sei mais reproduzir. Algo que estava guardado no meu inconsciente e que nunca mais terei acesso.
A cabecinha de Ian saia quando eu respirava e na inspiração para uma nova força ele voltava.
Ficamos nessa por alguns minutos com o Dr. Brunão sobre mim empurrando Ian com uma força de super herói até o momento que Dr. Roberto me avisou que ele precisaria de fórceps.
Eles chamam de fórceps de relaxamento. Os ossos da minha bacia são muito próximos e Ian estava posicionado de forma que meu próprio corpo impedia sua passagem. Para a posição que ele se encontrava existe uma nomenclatura que Dr. Roberto anotou em minha ficha hoje em consulta para conferir como está a recuperação da minha pele nos pontos da episiotomia.
Sim ! O serviço foi completo... Me fizeram o tal picote...
É lógico que não me lembro que nomenclatura é essa. Algo como "3M", "3 alguma coisa"...
Ouvir a palavra fórceps me apavorou. Ainda exite um preconceito enorme em relação ao "pé de cabra de xoxota" e eu percebi que fazia parte desse grupo de preconceituosos naquele momento.
-Fórceps Doutor...???
-Chamamos de fórceps de alívio. Não é para puxar o bebê pela cabeça, é para aumentar o espaço entre seus ossos e facilitar a passagem. Ele não vai sair. Você está sem força e seus ossos não estão ajudando. Ou você prefere uma cesárea?
A palavra cesárea me apavorou quádrupla, quíntupla, sêxtupla milhonésimamente mais que fórceps e isso me ajudou a fazer uma força monstra na contração seguinte.
Dr. Renata ficou mais confiante e chegou a dizer que Ian nasceria sem a ajuda do fórceps de relaxamento.
Mas Dr. Roberto disse a ela que NÃO! Que Ian estava bloqueado pelos meus ossos.
Foi dado um sinal de alerta. Dr. Roberto disse algo como "Preparar paramentos" ou instrumentos e como num terceiro sinal de um espetáculo que vai começar um circo foi armado sobre mim e na mesa de instrumentação no pé da cama. Um pano azul foi estendido sobre minhas pernas escancaradamente abertas no palco da "fábrica de parto", todos colocaram paninhos de proteção sobre a boca, vários instrumentos cirúrgicos entraram em cena como adereços estrategicamente pensados e elaborados pelo cenógrafo e figurinista, e permitiram então a entrada do cameraman da Publivídeo que ia registrar os momentos finais daquele espetáculo.
Me pediram para continuar fazendo a força e desta vez minha alma embarcou em uma viagem que parecia não ter volta e quando eu aterrissei e ouvi: NASCEU, ví a meu lado um ser que me pareceu muito íntimo todo envolto em sangue que prontamente foi levado pela enfermeira para a balança onde foi pesado, medido, limpo e analisado pelo pediatra- o mais novo integrante daquele elenco não muito emocionado já que a situação é corriqueira em suas vidas.
"Meu Deus, meu Deus , meu Deus, meu Deus eu não morri ! Obrigada meu Deus !!!! Meu filhinho nasceu... Cadê ele? Quanto tempo mais vão demorar para me dar ele? Quero dar mamá? Quero olhar para ele, quero beijá-lo, quero amá-lo, quero engolir , quero cuidar, quero, quero quero TUDO... Cadê Ian ?"
Um pouco mais ele já estava em meus braços, em minhas tetas, em minha boca, chupando meu queixo, cheirando meu hálito e reconhecendo os odores de quem daquele momento em diante irá alimentá-lo e amá-lo de uma forma que não há explicação.
Poeta, dramaturgo, roteirista,escritor algum nesse mundo foi, nem será capaz de explicar apenas com palavras o que é, como se sente e o que se sente ao pegar um filho recém nascido nos braços.
Palavras não são suficientes para esta tradução. Só é possível sentir...
E que esse sentimento me invada e me permita conferir a todo instante daqui para frente, cada batida do meu coração e do coração do meu "leãozinho" lindo, que numa sincronia coreografada que parece o corpo de baile de uma ópera de anjos e querubins, batem juntos fazendo meu peito pulsar e se emocionar a cada segundo dos meus dias que rezo a Deus para que tenham mais de 24 horas.
Que o tempo demore muito para passar para que eu possa aproveitar ao máximo cada mamada, cada xixi na parede, cada cocô na fralda recém trocada, cada suspiro entre os "tragos" no bico do meu peito, cada choro de manha, de fome, de gases, de carência, os sorrizinhos, os banhos, as noites mal dormidas ... ... ...
Ah ! sobre Luiza e sua Nina, Fernanda e sua Alice !!!
Nina nasceu 1:22 hs do dia 18 de cesárea depois de Luiza ter tentado absolutamente TUDO para o parto normal. Sua determinação e força colaborou para que Nina não chegasse ao mundo de supetão. Foi banhada por todos hormônios  participantes do show de um parto normal mas sua dilatação faltou na apresentação e não mandou  atriz substituta.
Alice chegou por volta das 6:30 da manhã do dia 18 depois de Fernanda receber também a famosa ocitocina sintética e a colaboração dos anestésicos venerados pelos aversos à dor, o que definitivamente não é o caso de Fê, que de terça dia 14 a sábado dia 18 viveu intensamente um nobre trabalho de parto. Úm Show é pouco! Seu parto foiuma ópera! Fernanda se livrou do 'picote' ! Diferente de mim que preferia não ter que passar por essa...
Parabéns a nós todas !
Cada uma com uma história e uma possibilidade, afinal cada corpo é único e apesar de "Nosso trabalho ser um Parto", eles nunca serão iguais.
Cada parto é exclusivo e tem sua graça e magia.
Agora vocês me dão licença... estou muito emocionada, chorando em prantos há muitas laudas e eu preciso parar para dar mamá.
Até o próximo post e muito obrigada por terem chegado até aqui, junto a mim, nesta "Partodisséia".



                                         Vídeo Parto do Ian:        http://vimeo.com/48044236


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Japan GONG show na fábrica de parto do país do FUNK.

Ao despertar segunda feira dia 13 pela manhã mais uma vez minha cabeça deu sinais da minha obsessão e idéia fixa no assunto "preciso parir" pois o pensamento recorrente brotou na minha cacholeta instantaneamente ao abrir os olhos: "Ian não nasceu de novo essa noite. Terei que ir a consulta médica! Que saco! Meu médico vai falar de indução..."
Essa consulta já estava marcada há 4 meses e toda vez que eu olhava minha anotação na agenda pensava:  "Dr. Roberto marcou consulta na data prevista para meu parto mas com certeza neste dia Ian já estará em meus braços e pendurado em minhas tetas!"
Durante a noite tive a sensação de um início de cólica, parecia uma descarga de algo no baixo ventre. Acordei com a imagem de tintas ao serem misturadas ou tela de computador que fica com manchas coloridas que lembram raio laser quando colocamos música para tocar.
Levei Galdino para o Metrô que o leva toda segunda, terça e sexta à Liberdade.
Não! Galdino não se liberta através do metrô três vezes por semana. A FMU, onde ele dá aula, fica na estação S. Joaquim!
Mas seria maravilhoso se existisse um trem que nos levasse à LIBERDADE ... ... ...
"Liberdade do que Veridiana? Você me parece uma mulher tão livre... Não é assim que você se sente?'
Não! Ou melhor; muitas vezes não! Existem muitas situações que a vida me coloca em que me vejo com dificuldade de tomar decisões, MUITO em função do que suponho que os outros pensariam a meu respeito caso as decepcionasse ou não agisse de acordo com o que também suponho ser seus ideais.
Quem é livre de fato faz o que tem vontade e acredita sem titubear.
Conto com a aprovação das pessoas e isso me castra.
Será que tem a ver com o fato de ser atriz ?
Essa necessidade ridícula de aprovação?
Preciso, como mãe que agora "sou", ainda que com uma pança pendurada, me libertar da necessidade de aprovação geral da nação nas minhas ações e atitudes.
E mal sabia eu que o dia 13 de Agosto me proporcionaria enxergar em mim mais uma vez esse lapso de personalidade nem tão forte quanto muitos me atribuem.
Sou vulnerável. Facilmente conduzível. Essa é a verdade.
Uma pena...
Na volta do metrô Vila Madalena, ao tomar banho fiz o famoso ritual da estimulação de mamilos e agachamentos.
Depois de levar uma caixa de Amêndoas cobertas de chocolate para a Vilma Nishi em seu consultório e devolver um livro lindo que ela emprestou a Galdino, fui para casa da minha mãe onde coloquei em seu jardim uma cadeira ao sol e revelei para os pássaros que voavam por ali o meu lindo e lustroso barrigão, e meus "peito de nega" com mamilos enormes e escuros por onde escorreu leite.
Não sei se o calor do sol interferiu nessa expulsão do néctar pelos bicos a fora. O que sei é que em 5 minutos de exposição ao Astro Rei, ví brotar o que alimentará meu filho por bastante tempo.
É o que espero.
Minha consulta era ao meio dia e mamãe foi comigo conhecer meu médico doidão que muitas vezes parece um médium recebendo uma entidade. Ele baixa os olhos e fala repetidamente as mesmas coisas fazendo anotações na minha ficha e quando levanta o olhar, a direção não é o meu olhar. É o além! Ele fica elucubrando, dando explicações e divagando informações médicas para o além. É bem louco !!!
Gosto dele apesar dos nossos conflitos ideológicos.
Mas confio no seu conhecimento. Gosto de sua responsabilidade e comprometimento com a profissão. Quando ele ele fala sobre minha "gravidez de risco", o uso das injeções de FRAGMIN durante toda a gravidez e minhas perdas repetidas de bebês, sei que ele ACREDITA no que está dizendo. Os estudos da medicina fazem ele ter fé em um conhecimento que o leva a avaliar meu caso com uma cautela maior do que o normal.
E sei que não é só ele que pensa assim!
Minha tia e madrinha também médica pensa igual.
E mal sabia eu que o dia 13 de Agosto me proporcionaria detectar que mais médicos pensam  de igual...
Dr. Roberto nos atendeu pontualmente como de costume e mais uma vez deixou bem claro que não recomenda que esperemos Ian nascer a seu bel prazer, e que deixar minha gravidez chegar a 41 ou 42 semanas é um risco desnecessário de corrermos.
Me relembrou que respeita meu desejo de um parto natural, sem induções com ocitocina e uso de anestésicos e que sabe da importância que viver essa espera tem sido para mim e meu amor. Que a tentativa dele de me levar ao parto na semana passada é pura preocupação e precaução pois sabe da importância que tem esse filho para toda a família.
Essa espera vem sendo importante para mim sim, mas também vem me causando uma angústia e agonia que muitas vezes questiono se causam algum mal ao Ian.
Se ele sente um pouco do que sinto, certamente não está sendo boa a convivência com essa minha ansiedade desenfreada.
Muitas vezes pensamentos horríveis passam pela minha cabeça. O volume de casos, histórias tristes e malucas que ouvi e lí durante esses 3 anos desde que comecei a escrever " Meu Trabalho é um Parto", me colocam num estado lamentavelmente suscetível a melancolia e pânico. Não sou uma pessimista ! Mas tenho medos e ando muito insegura com minha intuição. Não tenho conseguido distinguir o que é piração de grávida doidona e o que é a minha sensibilidade e conexão com o sagrado apitando no meu coração.
Definitivamente a ignorância é a mãe da felicidade.
Eu preferia saber NADA. Ser que nem uma grávida que estava pedindo esmola no dia dos pais no farol da Nove de Julho com a Estados Unidos. A leveza dos ignorantes é uma dádiva algumas vezes.
Algumas vezes não! Sempre!
Consciente de que continuar esperando a chegada do Ian correndo o risco de chegar no dia 27 de Agosto sem meu filho nos meus braços não seria nada bom para a resistência das minhas emoções, aceitei marcar a indução do parto para sexta feira dia 17.
Fisicamente poderia continuar grávida por mais alguns meses já que estou me sentindo cada dia melhor. Impressionante como meu corpo vem se adaptando às transformações. Voltei a conseguir amarrar sapatos sem perder o ar! Galdino não precisa mais cortar minhas unhas do pé. Consigo abrir o porta luvas do carro sem achar que vou morrer sufocada e tenho dormido cada noite melhor...
Mas emocionalmente minhas forças estão começando a fraquejar. Estão chegando ao fim mesmo... Não aguento mais avaliar o comportamento do Ian dentro de mim e entrar em crise cada vez que passo do meio dia sem sentir sinais de sua movimentação.
Por todos esses motivos saímos eu e minha mãe do consultório do Dr. Roberto a caminho da Maternidade São Luiz para um monitoramento de atividade fetal e ultrassom com doppler, com uma guia médica de internação marcada para sexta feira dia 17.
Dia 17 seria a data de nascimento prevista para o meu filhinho caso em engravidasse há 30 anos.
Antigamente os médicos somavam 10 à última menstruação e contavam 9 meses exatos no calendário para o primeiro filho. E 12 + data da última menstruação para os filhos seguintes.
Dava certo!
Os erros eram mínimos e os bebês nasciam com 1, 2 dias de diferença das previsões  feitas pela medicina da época.
O prédio onde fica o consultório do meu médico é vizinho a Maternidade São Luiz e logo eu já estava na recepção da "fábrica de partos" do Itaim apresentando o pedido dos exames.
Grávidas perambulavam pelo saguão de entrada empurrando carrinhos iguais aos de hotel e aeroporto com suas malinhas de bebês lindas e novinhas. Os enfeites da portas forrados com plástico prestes a serem pendurados nas suítes e casais saindo com seus "pacotinhos de recém nascidos" enrolados nas mantas compradas no shopping Iguatemi, me fizeram ter orgulho das nossa malinha velha e surradinha preparada há 3 semanas em casa. Uma delas já passou por 3 gravidezes da minha irmã mais velha. A outra foi um presente dos funcionários da Unimed de Birigui que recebi depois de fazer uma apresentação de "Meu Trabalho é um Parto" pelo SESC.
Não tenho a menor paciência para o mercado capitalista da gravidez.
Apesar de ter me envolvido de forma expressiva e até profissional com o assunto, morro de preconceito de uma série de coisas que cercam o assunto e o mercado do parto.
Sites e fóruns de debates na internet me parecem ridículos em várias situações apesar de participar e ser cadastrada em muitos deles.
O consumismo do mercado do parto me encomoda.
Vestir no Ian roupinhas que já passaram pelos corpinhos dos sobrinhos e dos filhos das amigas será um enorme prazer sustentável, ecológico e econômico.
Ter o enfeite mais simples (mas o mais lindo!) da Maternidade São Luiz será motivo de orgulho.
Fico pensando o que as enfermeiras vão achar das toalhas que estão sendo mandadas na malinha ... Foram dos meus sobrinhos e não são novinhas.
Será que as enfermeiras da Maternidade São Luiz são tão arrogantes como os porteiros da Rede Globo ?
Fui atendida em pouco tempo e logo me ví deitada em uma cama com sensores ligados na minha barriga. As enfermeiras me perguntaram o motivo do monitoramento e expliquei que 40 semanas de gestação, perdas de bebês no histórico e o uso de injeções de anti coagulante durante toda a gravidez fazem meu médico estar em estado de alerta. Contei que ele queria ter induzido o parto na semana passada e que um conselho da Vilma Nishi me fez faltar em uma consulta marcada repentinamente. Elas riram e perguntei se conheciam a Vilma.
Lógico que sim !
Vilma é uma celebridade no mundo da gestação.
O aparelho que mediu a frequência cardíaca do meu anjinho tinha uma caixa de som potente a beça que me garantiu o vigor do seu coraçãozinho elogiado pela enfermeira de olhos enormes e azuis que disse: "Seu bebê está ótimo. Dançando um FUNK dentro de você. Não tem com o que se preocupar."
Nos orientaram esperar em outro lugar onde seriamos chamadas para o ultrassom.
Chega um torpedo da minha grande e grávida amiga Luiza Gottschalk dizendo que estava indo também para o São Luiz encontrar seu médico e fazer os mesmos exames. Ela engravidou da Nina um dia antes de mim e está me acompanhando nesta jornada da lua minguante.
Logo nos encontramos na recepção acompanhada também por sua mãe.
Viva as mães !!!
O que seria de mim  e Ian sem a minha que foi responsável por muitas das contas vindas da farmácia do Butantã com as compras de FRAGMIN... ?
Encontro de barrigas! Quando eu e Luiza nos encontramos é preciso ficarmos atentas ao nos abraçarmos. São 4 enormes tetas e 2 bebês entre nós. Nina e Ian.
O médico dela já havia marcado uma cesárea para dia 17 caso Nina não desse o ar de sua graça durante a quadragésima semana de gestação e a novidade para a minha amiga é que nossos filhos nascerão no mesmo dia caso a natureza não coopere com nosso desejo de parto natural total nos 45 do segundo tempo desta quadragésima e fatídica semana.
Ian e Nina sempre faltarão nas festas de aniversário um do outro...
Nos despedimos com fé na possibilidade de sermos surpreendidas pelas forças de nossas orações no decorrer da semana.
Chegando na sala de ultrassom fui recebida de forma seca e fria por um médico grande, mais para gordo, alto e mestiço.
Ele começou a falar com e enfermeira e pensei: "O Japa é bichona!"
Não sou preconceituosa, heterofóbica nem racista mas esse tipo de raciocínio JAPA/BICHONA me faz rever meu conceito de mim mesma no quesito PRÉ CONCEITO.
Colocou o ultrassom com uma pressão quase agressiva no meu baixo ventre e perguntou o que me levava a fazer aquele monitoramento.
Mas uma vez expliquei sobre a filosofia de meu médico e sua preocupação.
Ao medir o tamanho da cabeça do Ian ele vira e me diz:
- Se fosse meu filho já estaria na segunda mamada.
- Como é ? O que você está querendo dizer com isso ?
- Estou querendo dizer que a natureza é sábia mas nos passa rasteiras caso não estejamos atentos aos sinais que ela nos dá.
Fiquei pensando se a natureza havia me dado algum sinal de que algo não vai bem... Não! Está tudo bem! O que não está bem é a ansiedade da minha natureza de sagitariana que já foi mais leve e desencanada mas que depois dos 28 começou a ser bem pisciana/sofredora por ascendência.
-Mas minha indução de parto está marcada para sexta feira Doutor...
-O que te leva a esperara até sexta? Cada dia que passa o risco é maior? Quantos filhos você tem ?
- Nenhum.
- Suponho que depois de algumas perdas esse seja muito esperado e é fundamental que você meça a importância das coisas. A saúde do seu filho ou o desejo de um parto natural ? Pense que o tempo de um parto é muito curto diante uma vida inteira e que a felicidade e saúde do seu filho não depende do momento do parto e sim da sua dedicação.
- Você acha que devo antecipar a  data da indução do meu parto Doutor? Está acontecendo algo de errado com meu nenê?
- Seu filho está batendo um bolão!
Minha mãe entra na conversa:
- Ah ! A enfermeira lá de baixo disse que ele está dançando um FUNK!
E ele revida revoltadamente:
- FUNK não! Se eu fosse presidente do Brasil eu proibiria o funk e mandaria prender os compositores e cantores.
Um pouco mais adiante ele disse que não acreditava nem respeitava pessoas que cometem erros escritos ou falados de português. Apesar de ser uma admiradora da minha língua e zelar muito para que ela saia pelo menos da minha boca bem falada e sem erros, achei o médico um tanto radical na sua colocação.
Disse também que queria ir embora do Brasil. Que queria ir para Nova Iorque e que estava convencendo sua mulher.
"Olha! Ele tem mulher! Não é uma bichona!"
Como se casamento fosse prova de preferência sexual ...
Depois dessa eu pensei que estava falando com alguém emocionalmente alterado e que talvez não devesse dar crédito a nada do que ele me falou. Mas ao mesmo tempo dentro do meu coração um sino tocava e perguntava: O que é mais importante? A garantia da saúde do seu filho ou um parto natural?
Antes de me despedir ele pediu que eu voltasse em 48 horas para fazer outro ultrassom e cardio toco e que eu devia ficar muito atenta aos movimentos do bebê. MUITO !
Eu e mamãe saímos da Maternidade piradinhas com o que nos foi dito e fui para casa com a missão de definir com meu amor o que fazer.
Ao chegar em casa Galdino me disse que me apoiaria em tudo que eu definisse, até em uma cesárea, mas que eu estava indo contra as minhas convicções e tudo que eu havia desejado e planejado para nosso parto até então. Perguntou se eu estava segura da minha escolha.
Percebi que ele estava falando sobre a indução do parto na sexta feira dia 17 enquanto eu  estava na dúvida em antecipar essa indução para o dia seguinte!
- Estou dando mais 4 dias de chance para a natureza entrar em ação e Deus me iluminar. Mais que isso será insuportável para mim. Ficar fazendo monitoramento a cada 48 horas por mais uma semana ou 10 dias será um martírio sem fim. Essa é a conduta para gestantes que passam de 40 semanas, inclusive para as jovens sem histórico de perdas e FRAGMIN na veia. Sexta feira faremos a indução caso Ian não dê sinais de sua chagada durante a semana.
Terça feira coloquei música para Ian. Colei a caixa de som do meu portátil na minha xoxota com um CD de música Xamânica. Soube que os índios falam suas línguas loucas nas xerecas de suas mulheres em uma certa fase da gravidez para que o bebê vire de ponta cabeça.
Achei que a técnica poderia servir para o meu caso também.
As músicas Xamânicas eram chatérrimas e tive medo de Ian sair da posição cefálica fugindo dos xocalhos descompassados dos Xamãs e troquei o Cd por um de música de relaxamento. Estimulei os bicos dos "peito de nêga" com uma pomada de erva doce e fiquei tentando relaxar. Mais tarde fui ao Buddha Spa receber uma deliciosa drenagem e no fim da tarde fiquei dançando dança do ventre. Soube que os movimentos da dança são ótimos para o trabalho de parto efetivo. Resolvi começar o treino!
Ai ai ai esses posts com cara de "Meu querido diário"...
Quem chegou até aqui só tenho a dizer: parabéns. Que paciência heim ?
A noite fui ao centro espírita rezar. Além de mim mais 2 outras grávidas.  Fomos atendidas com fichas especiais.
Ian cavalgou dentro de mim durante toda a palestra, teve um soluço fortíssimo e parece ter curtido o ambiente cheio de entidades e mentores espirituais.
Ontem tive que voltar ao S.Luiz para o monitoramento de atividade fetal.
Enquanto esperávamos o laudo ficar pronto e a enfermeira conseguir falar com meu médico para ver se ele queria um ultrassom e exame de toque, encontrei uma grande amiga, Maíra Bittencourt, que é parteira  e havia acabado de acompanhar 2 partos.
Ela me disse que é praxa fazer monitoramento dia sim dia não passadas as 40 semanas.
O Japa não estava tão louco assim . Mas a forma como me gongou na segunda foi suficientemente expressiva para o título do post ser em sua "homenagem".
Maíra me passou o celular de uma acupunturista que trabalha com indução para grávidas e mais uma vez Galdino foi obrigado a participar de um longo papo sobre o assunto PARTO.
Senti ele muito cansado. Já havia me dito que por ele não estaria ali e que achava um pouco de histeria de mais tudo aquilo.
Consegui falar com meu médico depois de meia hora. Ele disse não ser necessário fazer ultrassom e me perguntou se eu queria me encontrar com ele no consultório para um exame de toque e uma "cutucada" para o descolamento da placenta.
Aceitei.
Umas dedadas ainda são mais "naturais" que ocitocina sintética. Vamos a mais essa tentativa de fazer Ian chegar antes de sexta.
No exame de toque foram detectados 4 cm de dilatação. Aumentou. No cardio toco foi detectado ZERO de contração em 40 minutos... Ele sentiu a cabeça de Ian mais baixa e conheceu mais intimamente o interior de minha "bibica".
Bibica, Xereca, Xoxota, Pixoca, Boceta, Perereca, Queca, Ximbica... que variedade!
Galdino ficou me fazendo carinho durante o precedimento como se eu já estivesse na cama de parto. Não doeu. Incomodou.
Chegando em casa fomos surpreendidos com caixas e mais caixas com quase 3 mil fraldas do mais novo lançamento da PAMPERS pela Procter And Gamble. A SUPREME CARE. A fralda só falta falar e voar.
Mas sobre isso e o por quê disso eu falo em outro momento. É me estender além do aceitável, limite que aliás já ultrapassei.
Incrível quem leu esse post até aqui. Mas falta pouco, está acabando!
No começo da noite eu e meu amor fomos assistir "Para Roma com Amor" que há tempos eu vinha querendo. Pensei que eu precisava me distrair. Se entrasse em trabalho de parto no cinema era só sair da sala.
Mas nada aconteceu...
Sinto que meu corpo se acostuma muito facilmente às mudanças propostas sem reagir a elas.
Ontem senti minha barriga pesada ao caminhar pelo shopping Bourbon e seu estacionamento, e uma pressão muito interessante além das pernas duras e travadas.
Ian não nasceu na madrugada...
Hoje acordei como se nada tivesse acontecido. Nem cólica e nada de contrções.
A única novidade no decorrer da noite foi mais um enorme pedaço de tampão mucoso que saiu no xixi corriqueiro da madrugada.
4 cm de dilatação, placenta descolada e ZERO de contração.
Amanhã ás 14:00 horas serei internada para a indução do parto.
Ás 16:00 começam a colocar ocitocina na minha veia.
Ás 15:54 a lua muda...
Seria lindo entrar em trabalho de parto antes da primeira gota de ocitocina.
Não terei mais esperança em nada desses fatores que nos ajudam a obcecar.
Não vou ligar para a acupunturista.
Nem dançar dança do ventre.
Nem subir escadas.
Nem fazer longas caminhadas.
Só preciso ligar para a Vilma. Ela merece uma satisfação. Estou protelando esse telefonema em função daquela Veridiana tonta que tem medo de frustrar expectativas alheias.
A possibilidade de ter que passar por uma Cesárea existe e tenho que aceitar e me acostumar com a idéia.
Existem corpos que não desenvolvem musculatura mesmo com altas cargas de peso e atividade física.
Existem corpos que não produzem insulina.
Existem corpos que não produzem  endorfina.
Devem existir corpos que não produzem contração. Nem com ajuda química.
Pode ser que o meu seja um.
Amanhã saberemos.
O que sei é que domingo voltarei para casa acompanhada de minha familia. Meu marido e meu filho.
Galdino e Ian; meus dois grandes amores.
Minha vida !
Agora eu vou almoçar omelete com salada e passar a tarde bem coladinha no pai do meu filhinho.
Que o dia de amanhã seja abençoado e que tudo corra bem.
Boa hora para você Veri.
Boa sorte para você Ian e que Deus te abençoe; Amém!